Nō, Nô, Nou ou Noh é
uma forma clássica de teatro profissional japonês que existe desde o século
XIV. Um drama lírico, combinando canto, pantomima, música e poesia que evoluiu
de outras formas teatrais, aristocráticas e populares, incluindo o Dengaku,
Shirabyoshi e Gagaku.
Caracteriza-se pelo seu
estilo lento, de postura ereta, rígida, de movimentos sutis, bem como pelo uso
de máscaras típicas. O foco da narrativa se encontra no
protagonista (shite), o único que porta uma máscara. Shite é um espírito
errante que exprime, de forma lírica, a nostalgia dos tempos passados. O
coadjuvante (waki), geralmente um monge, não interfere no curso da ação,
apenas é revelador da essência do shite. Um coro e quatro instrumentos auxiliam
na condução da trama, que se soluciona através da dança. Esse coro vale
destacar, possui uma função dramática decisiva, conduzindo à narrativa. O
teatro Nô não é para ser compreendido e sim para ser sentido. Sentir a energia
do ator em cena.
No que se referem à interpretação, os movimentos sintéticos do ator, são quase imperceptíveis como, por exemplo, de uma maneira estilizada e sutil, levanta os olhos para a lua, ou num gesto com a mão retira a neve do kimono. Esses movimentos fazem surgir aos olhos e espírito do espectador, um universo todo poético, um mundo visto de diversos ângulos envolvendo fenômenos da natureza e da vida.
O cenário é,
invariavelmente, constituído apenas pelo "kagami-ita", um pinheiro
pintado, no fundo do palco, mesmo que a peça se desenrole noutros locais. Há
várias explicações para o uso desta árvore, sendo muito comum a interpretação
que se refere aos rituais xintoístas, pelos quais os deuses descem a Terra por
este meio. Outro adereço inconfundível é a ponte estreita (a
"Hashigakari"), situada à esquerda, que os principais atores utilizam
para entrada e saída das personagens.
Conhecido como comédia, o teatro Noh Kyogen tem sua origem no mesmo período que o Nô e servia como intervalo entre suas apresentações. Porém, nos últimos anos, houve uma pequena mudança e algumas peças Kyogen já começaram a ter programas exclusivos. Talvez por ter iniciado como intervalo de programa, frequentemente o estilo Kyogen é confundido com o Nô. Mas o Kyogen é uma peça-diálogo de uma farsa mímica cujo objetivo é provocar "riso". Porém não se pode classificá-lo sempre como um simples gênero de comédia, seu humor nem sempre tem um caráter feliz, e algumas peças dependem de frases humorísticas ou fazem uso de sátira. Algumas chegam a alcançar os limites da tragédia e das lágrimas enquanto outras focalizam o isolamento e a solidão humana.
O Kyogen procura fazer um
contraste com o drama do Nô e seu humor é um dos resultados da busca deste
efeito. Diferente do Nô que tem apenas um personagem principal, no Kyogen dois
personagens ou dois grupos de personagens são lançados um contra o outro e
dialogam de forma coloquial. Como no Nô, os artistas são apenas do sexo
masculino. Geralmente se apresentam com o rosto limpo, mas há momentos em que
utilizam máscaras, preferindo sempre as irônicas. Algumas máscaras são adaptações
das utilizadas no Nô que, apesar de penderem para o humorismo, não são
grosseiras.
Com o também chamado Ai-Kyogen, os atores podem participar do drama do Nô e aparecem para preencher o palco como, por exemplo, quando os atores do Nô precisam trocar o vestuário entre a primeira e a segunda metade da peça. Nesse caso o ator de Kyogen apenas explica a identidade do shite ou comenta o desenvolvimento do enredo.
A cultura japonesa,
principalmente o noh, ficou conhecida no ocidente graças ao trabalho de Ernest
Fenollosa, norte-americano que trabalhou na Universidade de Tóquio nos anos de
1878 a 1886. Outros grandes artistas que desenvolveram seus trabalhos
fortemente influenciados pelo teatro noh e pelo trabalho de Fenollosa foram
Ezra Pound e Yeats em 1913 e em 1921 Paul Claudel, embaixador da França no
Japão, Stanislavski e Meyerhold também foram influênciados por este teatro e
Bertold Brecht, adaptou em 1930 a peça "Taniko", com o título Der
Ja-sager (aquele que diz sim), adaptado de uma versão inglesa.
Não se pode falar em Teatro
Noh no Brasil sem mencionar o nome Hakuyokai (Etimologicamente: Haku =
Brasil, Yo = canto de Noh e Kai = associação), o grupo
pioneiro de praticantes de Noh, da cidade de São Paulo que tanto contribuiu
para a divulgação desta arte no país. Nobuyuki Suzuki, pesquisador e professor
universitário, veio ao Brasil a serviço do Ministério da Educação e do
Ministério das Relações Exteriores do Japão, em 1939 com o objetivo de
ministrar palestras sobre a cultura nipônica.
Nesta viagem, convocou todos
que quisessem participar de um encontro de Noh. A partir de então, até o início
da Segunda Guerra Mundial, houve algumas apresentações, sendo que, nesses
encontros, participavam tanto a Escola Kanze quanto a Hosho.
Após seu retorno ao Japão,
com o término da Guerra, alguns praticantes sucederam-no, inclusive seu filho
Takeshi Suzuki, na organização dos encontros. Takeshi, da Escola Hosho,
empenhou-se no estudo e na prática desta arte, fazendo apresentações regulares
e, em 1984, comemorou a 100ª apresentação do grupo Hakuyokai.
Com a morte de Takeshi
Suzuki e de Noboru Yoshida (Escola Kanze), os grupos se dispersaram e, as
atividades da grande maioria deles ficaram restritas aos treinos de canto de
Noh e, nos últimos anos, não se registram apresentações conjuntas.
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Teatro Nô:
Teatro Nô no Brasil:
Fontes:
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