sábado, 2 de novembro de 2013

Mudanças Culturais pós-guerra



Ao final da Segunda Guerra mundial, o Japão estava devastado. Todas as grandes cidades (exceto Kyoto), as indústrias e as linhas de transporte foram severamente danificadas. Alguns oficiais militares cometeram suicídio logo após a rendição incondicional. O país perdeu todos os territórios conquistados desde 1894 e a escassez de alimentos continuou por vários anos.





Por quase sete anos após a sua rendição, o Japão permaneceu ocupado pelos Aliados. As autoridades de ocupação, liderados pelos EUA, representados pelo general Mac Arthur, empreenderam diversas reformas políticas e sociais e proclamaram uma nova constituição em 1947, que negava ao estado o direito de reconstruir uma força militar e resolver impasses internacionais através da guerra.
As relações exteriores só foram retomadas a partir de 1951.
A reabilitação econômica do país torna-se uma das maiores preocupações do povo e dos líderes japoneses a partir dai. Com a Guerra da Coreia (1950-1953) o Japão tem a oportunidade de reconstruir sua economia nacional.
A década de 50 foi marcada pelo desenvolvimento da indústria pesada (ferro, aço, construção naval e maquinaria pesada).
 A partir dos anos 60 surge uma nova prioridade: indústrias leves e o fortalecimento das indústrias de alta tecnologia. 
Os padrões de consumo também acompanharam essas mudanças. Os chamados "três tesouros" dos anos 50 eram o rádio, a motocicleta e a máquina de costura. A década de 60 traz uma atualização desses tesouros, que passam a ser: o carro, a televisão em cores e o ar condicionado.
 
O Japão foi admitido para ONU em 1956, e em 60 renova os tratados com os EUA. A partir do começo da década de 90 o Japão firma-se como a segunda maior potência econômica mundial. 
Os desastres da segunda guerra e as consequências da ocupação também se fizeram sentir na cultura japonesa. Logo após o conflito o sentimento que tomava conta do povo japonês era de confusão e ansiedade pelo futuro. A superioridade e invencibilidade do Japão ficaram em cheque e a fé na nação estava abalada.

Antes da Segunda guerra, a cultura japonesa era puramente oriental, tradicionalista, nacionalista e militarista, e com uma sólida bagagem espiritual. Os japoneses vinham de uma cultura fechada, tradicional, de valores consistentes e através dos aliados norte-americanos, estavam por iniciar um contato direto com os valores de outra sociedade. Nesse contexto passa-se a valorizar preferencialmente os símbolos materiais, havendo uma difusão cultural dos estados unidos da América.
Contudo isso não implicou no esquecimento completo das tradições. Há grupos artísticos que vão misturar elementos da cultura ocidental com formas artísticas tradicionais japonesas. 
  



O Japão, ao mesmo tempo, com o apego às tradições e a ânsia de inventar o futuro, mostra que não são sentimentos incompatíveis de convivência, pelo contrário, os japoneses têm a capacidade de harmonizar os opostos.



Fontes:

http://www.klickeducacao.com.br/conteudo/pagina/0,6313,POR-1315-10202-,00.html
http://herofactory.com.br/milagrenipon.php
http://www.slideshare.net/guestfe54e6/o-milagre-japons 
MELLO, Valeria Maria Sampaio - Tradição e Intervenção Cultural norte-americana no Japão e no Brasil pós-guerra, nº2 - junho/dezembro - 3003

 



Shingeki



          Imediatamente após a guerra de ocupação americana autoridades favoreceram o shingeki. Eles eram destrutivos para o drama "feudal" do kabuki e do nô, que eram censurados e sujeitados a um controle especial, quando completa liberdade e suporte era dado ao novo drama ocidentalizado como um potencial instrumento de democratização. Todos os atores veteranos proeminentes do shingeki juntaram forças e em dezembro de 1945 abriram junto de uma produção de um antigo favorito das audiências japonesas, Chekhov's The Cherry Orchard. Logo foram organizadas uma série de empresas, e uma extraordinária torrente de produções seguiram, com um sucesso que a curto prazo parecia indicar uma possível pretensão ao papel de liderança do shingheki entre os gêneros teatrais pós-guerra.



          Dentre as companhias do pós-guerra uma das mais importantes é a Hayuza 
(Theatre Actor, fundada em 1944), centrada em torno do diretor/ator Senda Koreya. Senda tem sido por muitos anos um dos principais líderes das atividades do shingeki; tinha grande influência por ser o fundador da escola de atores e por treinar bem sucedidas performances recentes do Shingeki. Senda estava envolvida no movimento esquerdista de teatro, por anos antes de começar a nova companhia com o diretor Aoyama Sugisaku.

Senda Koreya


          O Bungakuza floresceu após a guerra, continuando essa corrente artística, companhias como Haiyuza, Mingei e a esquerdista Murayama Shinkyo Gekidan mostraram um envolvimento renovado. A propaganda marxista começou se mostrar mais perigosa que as tradicionais peças "feudais", que eram apreciadas pelo público, não por causa de seu remoto conteúdo, mas a apreciação de uma teatralidade estilizada politicamente inofensiva.
           Para a grande maioria de pessoas shingeki, muitos de seus anos de trabalho duro no teatro foi um ato de fé e/ou ideais artísticos com uma pequena recompensa financeira. Como uma questão de fato, os atores tinham o habito de contribuir com seus salários para a companhia, para que fosse possível produzir peças de teatro. O Shingeki nunca recebeu grande suporte do Estado, ou grandes rendas e taxas, e baixos retornos criaram uma constante pressão econômica.
          A compahia Kumo - estabelecida por Fukuda como parte de sua "Modern Drama Fundation" - especializada na tradução e performance das maiores peças de Shakespeare. Kudo procurou receber a alta inspiração de seu exigente líder para um teatro literário, em contraste com os objetivos abertamente políticos e ideológicos como os de Hayuza e Mingei,  e em oposição ao nivelamento do estilo inspirado pelo socialismo realista. A herança de Kumo foi assumida pela companhia Subaru, fundada por Fukuda em 1976 depois da dissolução do Kudo. A companhia Bungakuza, o mais duradouro grupo shingeki estabelecido em 1937, continua, apesar de um número de separações dolorosas, suas performances não-políticas de valor. Gekidan Mingei, o herdeiro espiritual do teatro proletário de tradição esquerdista, solidamente ancorado no realismo, é ainda com a Hayuza e a Bungakuza, uma das três maiores companhias do shingeki.
          Provavelmente a realização mais interessante do shingeki  nas últimas décadas tenha sito o amadurecimento de seus diretores sustentados com distinção, alguns dos quais alcançaram o reconhecimento internacional merecido.
          A quebra do estilo realista/naturalista, mesmo em companhias esquerdistas, começou nos anos 50, com a introdução de Brecht. Nos anos 60, o advento do absurdismo aguçou a discussão sobre o lugar de elementos teatrais (engekisei), elementou ideológicos (kannesei) e elementos literários (bungakusei) no teatro, com o resultado que não era, ao menos, teoricamente, uma aceitação da importância da teatralidade nas novas peças absurdistas de autores japoneses como Abe Kobo.
          Durante os últimos anos do período Showa, após o gradual desaparecimento do movimento de teatro underground, o shingeki mostrou uma pequena vitalidade artística. O bom número de companhias, produções e teatros reflete a extraordinária prosperidade da economia japonesa.
          O papel das companhias shingeki tradicionais e, em geral, as características do shingeki na pluralidade das cenas teatrais japonesas das próximas décadas, permanecem, no início de um novo período da história japonesa.


Fontes:

ORTOLANI, Benito - The Japanese Theatro


Teatro Butô



Traduzindo-se o termo Butoh, bu significa dança e toh quer dizer passo. Literalmente, dança compassada.
Concebido inicialmente como "ankoku butoh", ou "dança das trevas", surgiu no final dos anos 50.



O Butô nasceu na virada da década de 50 para 60, no Japão do pós-guerra fragmentado pela derrota e tomado pela consciência de que a verdadeira arte era a desenvolvida no ocidente. Este teatro dança é não só uma ruptura das formas tradicionais de teatro e dança japoneses, como também uma negação contundente da influência da cultura ocidental, principalmente da americana, que na época era considerada "vitoriosa".
A primeira performance de butô na Europa aconteceu em 1978. O Brasil só tomou conhecimento da dança nos anos 80, através de Kazuo Ohno, o principal nome do Butô em todo o mundo.



O "corpo morto" do Butô, a base verdadeira desta forma de expressão artística, sugere que os movimentos brotem segundo sua própria vontade e as leis de seu próprio mundo.
O Butô busca a energia direta do ventre materno, quando ele ainda não foi exposto ao contato com o mundo exterior, fazendo brotar de lá sua energia vital.



Vídeo:




Fonte: